Dom Bosco homenageia sua ex-presidente, primeira mulher no comando do um clube de futebol no país
Pioneira na presidência de um time de futebol no Brasil, May do Couto, foi um exemplo de pioneirismo feminino em Cuiabá. Fora do campo, a personalidade dela era notada na administração do clube. Durante o período que esteve na presidência do Clube, entre 1969 e 1971, as principais festas de Cuiabá foram realizadas no Dom Bosco.
Nascida em Cuiabá, em 13 de setembro de 1925, Ana Maria do Couto. Cuiabá era uma cidade pequena, inclusive para ela, que aos 16 anos de idade partiu para a capital do país, Rio de Janeiro, para iniciar as suas primeiras conquistas.
O gosto pelo esporte foi determinante na escolha da primeira faculdade. Em 1944 formou-se em Educação Física, na cidade do Rio de Janeiro. Ana Maria conseguiu uma bolsa de estudo, após vencer o campeonato carioca de arremesso de peso pelo Fluminense. Recebeu o convite para continuar na capital carioca, mas, retornou à Cuiabá. A partir de 1945 assumiu a vaga de professora da disciplina no Colégio Estadual de Mato Grosso, hoje Liceu Cuiabano “Maria de Arruda Muller”.
Nos anos 40 quando as mulheres sequer ousavam mostrar os joelhos, May comandava as aulas usando uma bermuda bem curta. Um escândalo para aqueles tempos, mas ela conseguia se impor de tal maneira que ninguém ousava tecer qualquer comentário.
Dedicou-se também à História e adquiriu profundo conhecimento nesse campo. Em 1951 diplomou-se no curso de Extensão Universitária em História, no Rio de Janeiro (RJ). No mesmo ano, ela conquistou mais um diploma, desta vez em Contabilidade, na Escola Técnica de Comércio de Cuiabá.
A partir de 1952, se dedicou à comunicação. Foi a primeira locutora noticiarista de Mato Grosso. Na Rádio Voz D'Oeste, comandava o programa “Bandeirantes no Ar”. Além de apresentar o programa, ela também era responsável pelos comentários políticos.
Por causa da sua popularidade, Ana Maria do Couto, filiada ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi eleita vereadora em 1962, tomou posse aos 37 anos de idade. No auge da sua vida política, em 1965, foi eleita a primeira presidente da Câmara Municipal de Cuiabá.
Graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso com a primeira turma de formandos, em 1962. Foi advogada e, em 1966, tornou-se promotora da Justiça Militar de Mato Grosso. A entidade, até então exclusivamente masculina, passou a contar também com uma mulher.
Participou ativamente da vida cultural de Cuiabá em sua época. Colaborou efetivamente com as festividades dos 250 anos de Cuiabá, em 1969, tendo recebido o Troféu Bororo e o Diploma de Honra ao Mérito. Foi ela que, em 1969, levantou recursos com o comércio local para a construção do monumento às três raças: o negro, o indígena e o branco, representado pelo bandeirante, localizado na Avenida Coronel Escolástico em Cuiabá.
A partir de 1969 ela se licenciou de cargos públicos. Surgiram os primeiros sinais da doença, o câncer. Eleita presidente do Clube, em 1969, com a piora da enfermidade teve que se afastar da presidência seis meses depois.
O seu falecimento, em 17 de outubro de 1971, cerca de um mês após ter completado 46 anos, emocionou a cidade. Nesse domingo, as rádios tocaram apenas músicas clássicas e suaves em sua homenagem. O seu corpo foi levado em cima de um carro do Corpo de Bombeiros e o cortejo seguiu, a pé, de sua residência até o cemitério. A bandeira azul e branca do Clube Esportivo Dom Bosco cobriu o seu caixão e uma multidão acompanhou a sua despedida. O câncer, que a acometera por mais de dois anos, finalmente havia vencido a batalha.
Dentre as várias homenagens feitas ao nome de May, estavam uma praça no bairro Bandeirantes em frente à sua residência e próxima ao Dom Bosco, onde um busto seu foi inaugurado na década de 70. Hoje, infelizmente, o busto não se mais presente, mas a memória de May do Couto segue entre os cuiabanos.
Fonte: Assessoria C.E. Dom Bosco
Crédito Foto: Assessoria C.E. Dom Bosco
Data: 10/03/2024